sexta-feira, 8 de junho de 2007

ne me quitte pas

Palavras sobre a encenação:
Manifesto por um Teatro Frágil”
O teatro está cansado de vontades. O teatro está cansado de atores preocupados com o próprio brilho e com a própria genialidade. O teatro está cansado de deixar que o espectador adormeça nas poltronas encantado com a magnificiência de um ator ou um diretor.
É preciso ser fraco. É preciso ser humano. O teatro, se ainda tem alguma função, é de mostrar ao espectador o quanto se é fraco, é purgar em si a fragilidade do público. Não se pode querer. Não se pode premeditar. O teatro frágil é construído a partir do olhar do espectador e do seu pedido por socorro. O ator é apenas o instrumento de contato, o sacerdote, o meio pelo qual o indivíduo se reconhece.
O teatro precisa recuperar o seu carater sagrado - tanta gente já disse isso, mas ele continua a precisar – retirar o espectador de seu tempo e espaço e transportá-lo a um universo primordial, a sensações e instintos esquecidos dentro de si.
Não se trata de impor, se trata de abrir a porta com cuidado e deixar que o espectador decida a hora em que quer entrar. O ator expôe a sua solidão, convida o público a compartilhar dela, deixa que ele perceba a sua dor. Não há espaço para representação. Não há espaço para máscara. O ator que se esconde atrás de outro é antes de tudo um covarde.
O teatro só pode recuperar sua força quando deixar de ser uma arte egocêntrica. (Mauricio Veloso, São Paulo, 18 de agosto de 2005)

Um comentário:

Gabriela Cordaro disse...

Que bom saber de vocês! Adorei poder acompanhá-los por aqui! Virei sempre. Merda